Ela teve seu primeiro contato com o Drum and bass ao conhecer o DJ Xerxes de Oliveira em meados dos anos 90, mas o talento de Fernanda para a música vem desde a época de escola.
Ainda no ginásio, ganhou um festival de composição e no início dos anos 80 iniciou o curso de Bacharelado em Piano na faculdade, mas depois acabou optando por estudar composição e regência. Foi então que uma professora a encaminhou para ter aulas com o Maestro Alemão Koellteuter.
Sua primeira música de sucesso "Sambassim" estourou primeiro na europa, em uma versão remix feita pelo Dj Patife. Em 2002, ela lançou seu primeiro albúm Intitulado “Fernanda Porto” que vendeu mais de 100 mil cópias no Brasil e mais tarde foi lançado no japão. O cd fez tanto sucesso que lhe rendeu de cara uma turnê pela Europa (Inglaterra, Suíça, Bélgica, Itália, França, Espanha, Holanda, Alemanha, Áustria e Portugal), Duas indicações a premiações importantes como o Grammy Latino (categoria Best New Artist) e Prêmio multishow (categoria Revelação), Além de ter levado pra casa os troféus Noite Ilustrada (melhor CD eletrônico), Qualidade Brasil 2002 (melhor CD nacional) e VMB 2003 com o videoclipe da música Sambassim. Dois anos mais tarde, enquanto criava a trilha sonora do filme Cabra Cega, acabou conhecendo o mestre Chico Buarque e juntos gravaram uma versão remix de "Roda viva", que virou sucesso e passou a tocar várias vezes ao dia nas rádios de todo o país.
Com uma carreira bastante promissora, ela lançou mais 3 Cds: “Giramundo”, “Fernanda Porto ao vivo” (Também em DVD) e seu mais recente trabalho “Auto-Retrato”, que marcou sua volta a já conhecida mistura da canção brasileira aos ritmos eletrônicos, como o drum and bass e o progressive house.
Cantora, compositora e multiinstrumentista renomada, essa Paulista nascida em Serra Negra, é uma das grandes responsáveis pela inclusão do estilo eletrônico no cenário musical brasileiro. Ela acaba de embarcar para uma turnê na Europa e pretende aproveitar para estudar. "Tenho me sentido bastante atraída pelo dubstep, ritmo menos acelerado que o d&b, mas muito vivo e sensual. Quero aproveitar a temporada em Londres para estudar e me aprofundar nesse ritmo ultimamente em sintonia com a minha alma”, disse a bela cantora. Confira agora a entrevista:
Priscila Toller : Você é multiinstrumentista. Como surgiu a paixão pela música?
Fernanda Porto: Surgiu na infância, inclusive com o incentivo ao multiinstrumentismo por uma tia que me abastecia com toda a espécie de instrumentos de brinquedo. Era um tal de cornetinhas, tambores e tecladinhos espalhados pela casa. Comecei a tocar piano sozinha, espiando as aulas da minha irmã mais velha. Passei a compor e ganhar os festivais de música da escola e aí insistiam para que eu também cantasse. Mas eu era (e continuo sendo) muito tímida e não me atrevia a soltar a voz. Hoje sinto que a voz sempre foi o meu principal instrumento.
P. T : Foi importante para sua carreira ter sido aluna do Maestro alemão Hans J. Koellreuter?
F. P :Importantíssimo. Koellteuter me aceitou como aluna a partir de um desafio: propôs que eu escrevesse uma partitura usando cores em vez de notas. Isso me despertou muita curiosidade em relação à integração da música com as outras artes. Compus muitas músicas tendo como base a imagem. Fiz assim a primeira trilha sonora para um vídeo de Lina de Albuquerque (mais tarde, letrista de Giramundo e Tudo de Bom) que tinha entrado na faculdade de jornalismo e ganhado um prêmio no MIS. O trabalho chamou a atenção e comecei a ser chamada para fazer trilhas de filmes e comerciais. A última trilha sonora para cinema foi para Cabra Cega, o filme de Toni Venturi que acabou possibilitando a minha aproximação com Chico Buarque e a nossa parceria em Roda Viva. Tudo isso teve sua sementinha em Koellteuter, acho eu.
P. T : Você lembra quando ouviu sua música tocar pela primeira vez na rádio? O que sentiu?
F. P : Foi o remix que o DJ Patife fez da minha Sambassim. Uma emoção muito grande, porque ela estourou nas primeiras semanas. Eu nunca tocava nas rádios e de repente passei a tocar todos os dias, e muitas vezes ao dia. Logo em seguida, a versão eletrônica de Só Tinha de ser com você", então tornada trilha de novela da Globo, também surgiu com muita força. E, finalmente, Tudo de Bom consolidou de vez essa primeira virada radiofônica. Foi tudo de bom e continua sendo, rs
P. T : Se não fosse cantora, qual outra profissão gostaria de exercer?
F. P : Eu acho que seria arquiteta se não fosse cantora. Tenho mania de mudar as coisas de lugar, inventar novos espaços, criar ambientes. Isso também faz muito sentido na criação musical. Tenho um espírito bastante inquieto que talvez também fosse capaz de se expressar bem em uma profissão como essa. Mas o máximo que concebi até hoje, no universo da arquitetura, foi construir um estúdio dentro de casa que dimensiona a importância que a música tem em minha vida: o estúdio ocupa mais da metade da minha casa.
F. P : Adorei. Tenho grande respeito por Marina Lima, pela grande compositora que é e pelo espírito de renovação musical sempre presente em sua obra. Acertando ou não, é uma artista que sempre se interessou em dialogar com o novo, com admirável exposição e sem medo de correr riscos. Eu continuo achando um charme a nossa parceria em Charme do Mundo.
P. T : Apesar de fazer música basicamente eletrônica, você se considera uma cantora Pop?
F. P : É verdade, eu me considero uma cantora pop. No fundo, me considero uma cantora simplesmente, não sou muito chegada a nomenclaturas. Eu me considero uma compositora, em primeiro lugar, e depois uma cantora. Mas ultimamente o lado cantora tem prevalecido e acho que, do primeiro disco para cá, desenvolvi bastante a qualidade de intérprete.
P. T : Fernanda Porto Ao vivo mostra diversas abordagens musicais. Como foi a escolha do repertório e das participações especiais?
F. P : FP ao Vivo representou uma fase de abertura musical e mudança de gravadora. O meu primeiro disco, essencialmente eletrônico, me
rendeu projeção, prêmios e até uma indicação ao Grammy na categoria revelação. Ao mesmo tempo, ele também me estigmatizou um tanto. Com o segundo CD, Giramundo, incorporei outros ritmos brasileiros e mostrei uma maior versatilidade musical. Era uma verdade em mim, no fundo não desejava ficar rotulada como uma cantora eletrônica, não queria rótulo nenhum. O público da cena eletrônica, parte dele, é verdade, estranhou. Da mesma forma, que alguns ouvintes de MPB estranharam a versão eletrônica de Roda Viva que cantei com Chico Buarque. A escolha de repertório do Ao Vivo esteve ligada à mudança de gravadora, quando sai da Trama e fui para a EMI (a minha atual gravadora). Algumas participações foram sugeridas pela gravadora, mas não houve nenhum tipo de imposição. Naquele trabalho, eu acabei me aproximando da pianista Christiane Neves, que tem uma formação musical mais voltada à MPB. De todos, talvez tenha sido o meu disco menos eletrônico, mas gostei bastante do resultado.
P. T : Seu mais recente trabalho "Auto-Retrato", traz diferentes estilos de música eletrônica. Fale um pouco sobre o processo de produção do cd...
F. P : Já em Auto-Retrato, comecei a sentir um pouco mais de falta da presença eletrônica e passei a pesquisar novos estilos. Tudo isso aconteceu muito naturalmente. Senti saudades dos meus antigos amigos, conheci novos DJs e retomei um contato que acabou me fazendo muito bem. Nesse momento, a polêmica entre a divisão de
música eletrônica e música brasileira estava felizmente mais esvaziada e as pessoas pareciam mais interessadas na música propriamente dita. Deixei claro, desde a escolha da grafia do nome do CD que não estava assim tão preocupada em errar ou acertar. Escolhi a grafia antiga, Auto-Retrato, e não a atual (Autorretrato), até para manifestar a não-necessidade de adesão às categorias corretamente estabelecidas. A arte precisa de liberdade para existir. O processo de produção daquele, e de todos os CDs, incorporaram muitos erros e acertos. Um erro, às vezes, pode resultar num grande acerto, como naquela letra de "Amor Errado", do primeiro CD.
P. T : Já tem planos para o próximo disco?
F. P : Tenho algumas músicas prontas e outras em gestação, por enquanto. Em meados deste mês, começo uma turnê pela Europa. Volto no final de agosto e já tenho uma apresentação marcada em setembro, em Salvador. Tenho me sentido bastante atraída pelo dubstep, ritmo menos acelerado que o d&b (com aproximadamente 140 dpms), mas muito vivo e sensual. Quero aproveitar a temporada em Londres para estudar e me aprofundar nesse ritmo ultimamente em sintonia com a minha alma. Vamos ver no que dá. Ando numa fase de grande abertura, apaixonada e feliz com a vida. Isso sempre se reflete na música, quero crer.
(Por Priscila Toller em 15/07/2011)
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